Era uma vez...
Em um mundo não tão distante assim,
Nossa personagem: primeira filha de uma prole de três filhas; nascida e criada em uma cidade bem pequena de interior, e família frágil e enferma. Pai e mãe alcoolistas; pai violento e mãe tardiamente diagnosticada com esquizofrenia.
Como filha mais velha, não demorou para assumir o papel de protetora da mãe, das irmãs, pois tinha que "salvá las", das agressões do pai. Como também, "salvar" o pai, cuidando dele, após viver agressões por se envolver em brigas, alcoolizado; e misturar água em sua bebida, na tentativa de diminuir os efeitos do álcool.
Quando se tornou adolescente, começou a trabalhar como babá, estudar o básico e ficar o maior tempo que conseguisse, fora de casa. Teve a oportunidade de vir para São Paulo com uma conhecida da família: ficou dividida entre permanecer com a família, pois não teria ninguém para "salvá-los', e seguir outro caminho. Escolheu por vir.
Suas irmãs, permanecem na mesma cidade e história: também alcoolistas, e vivendo relacionamentos abusivos com agressões.
Nossa personagem, também viveu o alcoolismo, mas amparada pela sua forte fé e escolha, interrompeu esse ciclo e não bebe há anos.
Trabalha, casada com parceiro não abusivo, filho formado em faculdade, católica fervorosa e atuante.
Sim, podemos pensar que nossa personagem escolheu e tem uma estrutura que lhe permitiu romper com a história trágica de sua família. Mas, não foi sem consequências: não se reconhecia digna de amor, valorização, e respeito, adotando uma postura de servir a todos; encontrando conforto no "Pai Maior". Anos após vencer o alcoolismo, foi acometida por delírios e alucinações de conteúdo religioso, nos quais ela tinha papel de destaque como "a escolhida, a salvadora".
Assim ela chegou a sua análise pessoal!
Esse trabalho lhe permite, identificar quando iniciam pensamentos que ela define como "exagerados" e não dar força a eles; ter outra vivência com sua fé e conviver com amigos e familiares sem ter que servi los.
Pôde olhar para seus sentimentos e libertar se da culpa que sentia por "abandoná los" e ter uma vida com condições diferente. Percebeu que escolheu "salvar" a si mesma; rompendo assim, com o mito familiar que criou e sua posição na vida, fora desse mito; permitindo se viver,
Mais ainda...!