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Era uma vez...

Em um mundo não tão distante assim,

Uma história na qual "O tiro saiu pela culatra"

Os personagens são o Rei e a Rainha (rainha que estava mais para mucama, que para rainha).

O Rei era soberano: domínio do espaço físico do reino, horários, atividades!

"Salvou" a mulher que se tornou "sua" Rainha, das dívidas, apertos, solidão; e foi assim colocado nesse papel de salvador para ambos. 

Por gratidão ao seu salvador, e orgulho de se ver pela primeira vez como Rainha, essa mulher passou a dedicar devoção, cuidados, entrega total ao seu Rei. Seu trabalho, faculdade, filhos, ficaram em segundo, terceiro, quarto planos; para que tudo saísse perfeito no reino: alimentação, limpeza, atenção, prazeres, passeios, ditados pelo Rei. 

Amizades já não existiam; os horários de cuidados pessoais eram adaptados aos horários que o Rei estava ocupado, para que ela estivesse sempre disponível.

Quando algo chateava, desagradava a Rainha, ela se calava; e quando encorajava se a falar, tinha todo cuidado para não magoá lo. Mas, sempre, do alto de sua sabedoria e benevolência, o Rei logo argumentava que ela era louca, traumatizada, trazia para relação deles, fantasmas dela; e portanto ela precisava de ajuda, de terapia.

Bom, essa última afirmação, ele acertou em cheio!

Com sua dedicação, não querendo destruir seu casamento, a Rainha optou por iniciar seu processo de Análise.

Ao longo desse percurso, não recebendo receitas e indicações de como se portar como Rainha perfeita, mas, sendo cada vez mais questionada sobre como sentia se, diante das falas e comportamentos do Rei; como se via; sua história; pôde rever sua implicação em colocar esse homem no papel de salvador e rei. Pôde reconstruir sua concepção e fábula sobre o amor e as relações. Reconheceu a dominação, manipulação e abuso do rei, com a forma velada de cuidados, proteção e orientação. 

Ao assumir a responsabilidade sobre seu papel, seus desejos e tirar o rei do pedestal, a relação não prosseguiu: esse rei se desestabilizou ao ter uma Mulher ao lado e não mais a Rainha que o representava como soberano.

A Mulher, e não mais a rainha, separou se; e hoje sem reino, vive sua vida, construindo tijolo por tijolo, com suas escolhas e desejos, uma vida real; sem a necessidade de ser "salva", podendo ter um homem ao lado e não um rei. O que lhe permite,

Mais, ainda... 

(Provavelmente, esse homem, não irá mandar mais nenhuma mulher para terapia,kkkkkkkk)

P.S.:Em muitas situações, pacientes chegam ao consultório, porque outras pessoas ordenaram. A análise poderá prosseguir, se houver espaço para que essa pessoa apareça, para além do que foi apresentado sobre ela; para além da pessoa que impôs; se aproprie do espaço para si, independente de como chegou.

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